Sobre o tempo dos dizeres

Qual o peso do verbo?

Se escolho te dizer o que te digo e não qualquer outra coisa?

Qual o sentido da palavra?

Respondo: a palavra é tudo que sei.

Dizer também é verbo de ação. 

Tudo que conheço é a palavra. 

Se me falta ação - eis o paradoxo; por favor, entende. É que, se até a palavra - justamente essa a quem me refiro como tudo que sei, me falta tem hora, em alguns momentos simplesmente o "não dar conta ocupa tudo" (C. M).

Ora sei muito; ora sei pouco.

Qual efeito da palavra? Já se perguntou?

Acho que desse lugar nunca me perguntei.

“Em um certo momento tudo que se pode fazer, é usar da palavra.”

~ será?

E sim, me sinto fixada nela; e olha que não gosto de me sentir presa.

Me é importante - e me é tudo às vezes.

Mas espera!

Deixa que a respiração ocupe os pulmões quando a palavra que se projete a boca não for louvável, quando aquilo que se pensar em dizer possa produzir o oposto daquilo que se quer alcançar.

Quando o verbo vem carregado do peso de qualquer coisa que não seja do momento presente - respira;

Lembra que a palavra é importante mas não é tudo; ainda que seja muito. 

“Só posso inspirar porque há espaço em meus pulmões”

Outrora eu mesma disse.

Há tempo de calar e de falar. 

Há tempo.

Há de se diluir o peso das coisas; com o tempo.

Há tempos inclusive em que se pode conhecer outras experiências que não às de fixação.

Se falo falo falo e sinto que ainda tem algo a ser dito, talvez o silêncio também possa ganhar algum espaço para que não se diga além do necessário.

Diálogo só existe quando mais de uma pessoa pode falar.

Há tempo de calar e de falar. 

Há tempo.

Há tempo pra cada verbo.

Que o verbo não carregue peso e sim, significado.