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Untitled

  • psihelenabreu
  • 14 de set.
  • 1 min de leitura

Quase me esqueço


Mas num lampejo me recordo do orelhão e da saudade


E me transporto para aquela esquina


Havia ali uma farmácia e uma avenida movimentada


Eu que já havia esperado, começava a me sentir furiosa


Não aguardei como quem contempla a uma chegada feliz


Se tratava ali de uma espera urgente


E há tanto já não chegava


Tão urgente a presença aguardada que a ligação no orelhão se tornou o recurso possível de contato


Pois bem, tratei de ir até a esquina fazer a ligação - sozinha.


Nenhuma voz atendeu dizendo “alô?” do outro lado


Por isso, na minha posição, diante do orelhão, só foi possível de forma agressiva pressionar repetidamente o maldito telefone contra sua própria estrutura, uma vez que através dele não me vinha aquilo que eu tanto precisava


Por quê não funciona?

Não tive resposta e a única resposta possível a isso foi querer destruir aquilo, que se ninguém atendia, obviamente não estava a funcionar


Ali, sozinha, alguma coisa estava a desfuncionar.


-


Uma senhora, cuja moradia da esquina era grande e imponente, me repreendeu

Menina, que horror uma atitude violenta como esta. Sabia que isto é patrimônio público e a depredação configura crime? Onde estão seus pais?


A senhora, de sua casa segura e confortável, enxergou uma criança violenta e sem modos.


Será que ela entenderia caso eu pudesse explicar?


Explicaria que minha mãe não havia chegado. Que sentia falta dela. Diria que foi impensado e puro ato. Único possível para quem eu era.


As ruas desembocavam na mesma esquina, a minha, e a dela. Mas algo me diz que não habitávamos o mesmo lugar.

 
 
 

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